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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Lançamento do CD de Pedrinho Miranda no Rival


Pedrinho Miranda é tudo de bom! Vejam abaixo tudo sobre ele e o show no Rival. Vejam tb toda a programação do melhor espaço de show da cidade. Só não concordo com o Caetano em uma coisa, ele é gatinho sim!

Pedro Miranda lança 'Pimenteira' em 3 de novembro no Rival

Expoente da nova geração da Lapa, o cantor e pandeirista Pedro Miranda lança agora o segundo álbum individual, 'Pimenteira' (independente), com inéditas de Nelson Cavaquinho, Elton Medeiros, Nei Lopes, Alfredo Del-Penho, Edu Krieger e Moyseis Marques, entre outros compositores de todos os tempos. O disco sucede 'Coisa com coisa', de 2006, quando Pedrinho fez sua estréia solo. Existem muitas maneiras de conhecer o timbre antigo do jovem cantor: há anos ele coloca o seu talento a serviço de conjuntos como Grupo Semente, conhecido por acompanhar a cantora e compositora Teresa Cristina, e Samba de Fato, responsável pelo lançamento de um elogiado tributo ao grande Mauro Duarte, ao lado de Cristina Buarque. Fundou e fez parte por mais de dez anos do Cordão do Boitatá, que arrasta multidões nos carnavais cariocas, e do Anjos da Lua, centrado no repertório dos primeiros sambistas.

No show de lançamento do CD 'Pimenteira', a ser realizado em 3 de novembro, às 19h30, no Teatro Rival Petrobras, Pedro Miranda será acompanhado por
Luis Filipe de Lima no violão de 7 cordas e na direção musical, Pedro Amorim no cavaquinho e no bandolim, Edu Neves, Rui Alvim, Everson Moraes e Aquiles Moraes nos sopros e Paulinho Dias, Pretinho e Thiaguinho da Serrinha nas percussões. Com participações especiais de Teresa Cristina e do Trio Madeira Brasil.

"Uma coleção de obras-primas", nas palavras de Caetano Veloso

Há muito tempo não ouço um disco inteiro com tanto entusiasmo no coração quanto esse 'Pimenteira'. Acho que ouvi Pedro Miranda pela primeira vez numa faixa do CD de Teresa Cristina – e fiquei maravilhado com a musicalidade, a cultura entranhada, a naturalidade, o frescor. Comuniquei meu entusiasmo a Moreno e ele me disse que conhecia Pedro: logo eu estava com o primeiro CD de Pedro nas mãos. O CD confirmava a muito boa impressão causada pela faixa no disco de Teresa. De modo que, agora, quando ele me entregou uma cópia do seu novo disco, eu já me pus em alta expectativa. Mas não imaginava que estivesse diante de um trabalho de tamanho fôlego. Considero este um disco de grande artista. É um disco fácil de ouvir, maneiro, agradável, porém tem força histórica intensa e convida a reflexões complexas e tão profundas que nem a deliciosa paródia de texto acadêmico que vem no encarte (a respeito da alegoria deliberadamente ingênua de Edu Krieger, “Coluna Social”), poderia satirizar.

Para começar, o estilo despojado do cantor, sem afetação, sem tiques nenhuns, dá conta de toda a possível cultura crítica atual relativa ao canto popular brasileiro. Voz maleável, incrivelmente confortável nas regiões agudas, ele mostra destreza e agilidade sem que se perceba esforço de sua parte. E o fraseado revela reverência e familiaridade com a história do samba. Mas é a escolha do repertório que ilumina as virtudes do seu estilo. Esse repertório (para cuja feitura ele agradece a colaboração de Cristina Buarque e Paulão 7 Cordas) diz tudo sobre o que deve ser dito a respeito do que vem acontecendo com o samba, desde que este se tornou emblema da musicalidade brasileira (“O mito é o nada que é tudo”), passando pelo furacão camuflado que foi a bossa nova, e pela sua recolocação no ambiente que o forjou: a boemia que transita entre certos m
orros e certas áreas do asfalto carioca. Essa recolocação teve como marco inicial a virada que significou, no meio dos anos 1960, coincidirem as insatisfações de Nara Leão com o surgimento do Zicartola, o início das atividades de compositor de Chico Buarque em São Paulo e o estrelato conjunto de Paulinho da Viola e Clementina de Jesus no Rosa de Ouro. Todos os desdobramentos – de Beth Carvalho ao Art Popular, de Zeca Pagodinho ao Psirico, de Arlindo Cruz a Roberta Sá – estão homenageados nesse álbum coeso, sincero e de grande visão.

O arco de compositores vai de Nelson Cavaquinho a Rubinho Jacobina – e, no entanto, a unidade de visão faz de 'Pimenteira' uma obra autoral de Pedro Miranda. As melodias, em geral com sabor de choro a caminho da gafieira (mas sem deixar de fora nem a chula baiana
nem o coco nordestino), sustentam um virtuosismo poético que, por força da perspectiva da escolha do material (e da ordem em que ele vem), sugere um gosto pessoal, a um tempo apurado, exigente e espontâneo, que atravessa todo o disco. Dos versos elegantes de Paulo César Pinheiro para a música rica de Mauricio Carrilho (com ecos de Bororó) ao fascinante jogo embaralhado de imagens atuais no samba de Moyseis Marques, passando pela “Imagem”, de Trambique e Wilson das Neves, e pelo show de bola de Elton Medeiros e Afonso Machado, tudo em 'Pimenteira' transpira grande talento guiado por grande inteligência. O disco fala de tudo o que fala como Nei Lopes fala (na única nota de encarte que não foi escrita por Pedro e Luís Filipe) da série de mulatos que compõem a figura de Compadre Bento: com admiração e intimidade.

Terminei citando muitos dos sambas do disco, mas não é por os achar menos interessantes que não citei alguns: todos são de alta extração, todos fazem o CD soar como uma coleção de obras-primas. O que faz com que esse disco ao mesmo tempo pareça o lançamento de um novo autor e uma antologia de clássicos. Na verdade é o disco que já nasce antológico. A colaboração de Luís Filipe de Lima é decisiva na definição dos arranjos e da sonoridade. Sobre ele (e os demais colaboradores musicais e técnicos) Pedro fala melhor do que eu poderia, nas palavras de agradecimento que escreveu. Quanto a mim, sou mais levado a considerar que a oportunidade foi uma dádiva que Pedro lhes fez.

Eu sempre sou citado como elogiador fácil de moças jovens bonitas que cantam samba. Nunca as elogiei sem que achasse justo fazê-lo. Dizer aqui que o CD de um marmanjo, que nem tipo gatinho é, é algo muito mais importante do que o que essas ninfas têm, em conjunto, alcançado deve dar uma ideia do quanto considero 'Pimenteira' um evento especial em nossa música. E, de quebra, pode dar mais credibilidade aos elogios que faço às moças.

(Caetano Veloso)


SHOW DE LANÇAMENTO

QUANDO: 3 de novembro, às 19h30

ONDE: Teatro Rival Petrobras (Rua Álvaro Alvim, 33 / 37, Cinelândia. Informações e reservas pelos telefones: (21) 2240.4469 / 2524.1666)

QUANTO: R$ 30 (inteira), R$ 20 (os 100 primeiros pagantes) e R$ 15 (meia-entrada)

ETCÉTERA: 472 lugares; Acesso para portadores de necessidades especiais; Bilheteria só aceita dinheiro e cheque; Censura 16 anos.

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